Lançamento
da Revista “PIADAS DO FIM DO MUNDO” pela AQC-ESP
A revista “Piadas do Fim do Mundo”
(“Picles” 02) é uma ideia coletiva da Associação dos Quadrinhistas e
Caricaturistas do Estado de São Paulo (AQC-ESP) em conjunto com a editora Laços.
A associação foi criada em 1984, visando reunir e defender os autores nacionais
de quadrinhos, cartuns, charges e ilustração que insistem em publicar sua arte
em nosso diminuto mercado editorial.
O projeto “Picles” começou em 2009 e
resultou numa revista com 28 artistas de todo o Brasil satirizando quatro
temas: música, esportes, ecologia e
tecnologia, que foi publicada, em maio de 2010, como revista eletrônica no blog
da associação (www.aqcsp.blogspot.com).
Já a segunda edição foi publicada no final de 2011, com tiragem
de 1000 exemplares e teve como tema a presidenta
Dilma. Foram reunidos 24 autores que enviaram
um total de 55 trabalhos. Com
o financiamento de três editores, a “Picles” 02 teve uma boa divulgação e
repercussão, inclusive com a própria personagem principal (a presidente Dilma
Rousseff) recebendo seu exemplar!
Agora a
AQC-ESP, aproveitando que o mundo está chegando em sua data fatídica: 21 de
dezembro de 2012, lança o terceiro número da “Picles” que tem como tema: O Fim
do Mundo! Um tema atual e que
resultou em muita sátira ao contexto místico, histórico, midiático e na
histeria coletiva que pode causar.
Foram reunidos
24 autores com uma grande diversidade de estilos, traços, roteiros e formas de
arte num resultado muito divertido. A seleção de profetas do Apocalipse é a
seguinte: Floreal,
Eder Santos, Paulo Cesar Cid, Alex
Guenther, Paulo Alves,
Wanderley Felipe, Xalberto, Sergio Morettini, Vasqs,
Daniel Linhares, William MR, Juliano, João Zero, Airon, Rice Araujo, Mário
Mastrotti, Fernando dos
Santos, Harry Guilherme Garrido, Edvaldo Rodrigues, Novaes, Bira Dantas, Diego Jourdan Pereira, Wellington
Santos e Sergio Mas.
O
lançamento da revista “Piadas do Fim do Mundo!” (“Picles” 02) será realizado
durante na Comix Book Shop, no dia 10/11, sábado, a
partir das 14h, na Alameda Jaú, 1998, próximo ao metrô Paulista, com a presença dos autores para uma tarde de autógrafos e de
muito bate papo.
Agora é para
valer!!!!!
Todos estão
convidados para rir do Fim do Mundo??!!!
“Piadas do Fim do Mundo” (tamanho: 17 x 24 cm, 52 pgs. capa
colorida, miolo 02 cores, lombada canoa, tiragem 1000 exemplares, R$
12,00)
Worney
Almeida de Souza
Personagens
Secundários da Turma da Mônica
Num universo tão grande e
diferenciado como é o que foi criado por Maurício de Sousa, a quantidade de
personagens e de ambientes diferentes necessita de uma quantidade considerável
de personagens secundários ou de “figurantes” que contracenam nas HQs ou simplesmente
componham as histórias.
Claro que, de acordo com a
caracterização e a desenvoltura do personagem em “cena”, ele pode ganhar
importância, como a própria Mônica que de simples coadjuvante na tira do Cebolinha,
virou a estrela principal da companhia.
Interessante também como o adjetivo
“personagem secundário” se transformou num mote recorrente nas HQs da Turma da
Mônica, “carimbando” o personagem Xaveco, que sempre é “taxado” pelos
personagens principais, como um insignificante “personagem secundário”. Mas mesmo sendo um eterno “secundário”, Xaveco
ganhou histórias próprias e até uma revista especial: ‘Turma da Mônica Extra - Xabéu
e Xaveco” (maio de 2012). Seu roteiro também evoluiu para uma argumentação
consistente em que seus pais são separados e o atrapalhado ex-chefe da casa
tenta sempre agradar o filho, que vive com a mãe.
Também são “secundários”, com
funções diversas nas HQs, Denise, Jeremias, Humberto, Carminha Fru Fru, Titi e
uma infinidade de outros personagens. Afinal eles são necessários para que a
trama das histórias possa ter múltiplas possibilidades de roteiro.
Mas existem os personagens que
poderão ter seu “minuto de glória”, numa determinada HQ ou que nunca saíram da
situação de figurante. É o caso da personagem que contracena com o Cebolinha na
tira abaixo. Publicada na página 66, ao lado do expediente, da revista
“Cebolinha 221 (novembro de 2004), a tira tem o n° 8034 e deve ter sido
impressa em alguns jornais pelo Brasil afora.
Numa versão obesa da Mônica, a personagem
aplica um “corretivo” no Cebolinha motivada pelo clássico cartaz: “Gorducha e
Dentuça”. Um bom argumento para uma boa
piada.
Certamente a figurante dessa tira
poderia ser utilizada em outras HQs e, quem sabe, até contracenar com a própria
Mônica. Mas segundo as informações do estúdio MSP, a personagem foi episódica para apenas fazer uma piada, nunca foi reutilizada
e nem deve ser.
É
uma pena! A figurante teve uma boa atuação e talvez merecesse uma nova
oportunidade, mas creio que ela será mais uma que ira para o limbo dos
personagens esquecidos dos quadrinhos, sem nem mesmo ter um nome!
Worney
Almeida de Souza
Título: As Divertidas Aventuras de Betty Boop
Conteúdo: Quadrinhos
Editora: Kalaco
Páginas: 100 pgs.
Tamanho: 20,5 x 27 cm .
Tiragem: 1.000 exemplares
Período: Junho de 2012
Atividade: Pesquisa, produção e redação
Textos completos produzidos para a edição:
Textos completos produzidos para a edição:
O Que é que a Betty Boop Tem?
Quem não conhece Betty Boop? Graciosa
e insinuante garota dos desenhos animados, Betty reinou como uma das primeiras
damas do cinema da década de 30. Cabelos, maquiagem, roupas e gestos dos “anos
loucos” do charleston da década anterior, Betty estreiou mais de 100 desenhos
de curta metragem. Divertida, chegou a escandalizar os mais puritanos, caiu nas
garras dos censores e deixou as telas em 1939. Mas o estrago já estava feito!
Betty Boop passou para o inconsciente coletivo, e virou símbolo de liberdade
sensual e feminina. Sempre lembrada ou revista, a linda donzela se associa aos
sentimentos de amor próprio e de culto ao corpo ideal que toda a garota quer
ter.
Muito presente na moda, nos
acessórios, nos brinquedos e nas buguingangas à venda nos centros de compras de
todo o mundo, Betty Boop encanta e provoca sensações, mesmo para quem nunca viu
um de seus desenhos animados. É o efeito da cultura pop universal, alguns
ídolos ou ícones não abandonarão e não serão esquecidos pelos milhões de fãs.
Nesse álbum apresentamos uma forma de
expressão pouco conhecida de Betty Boop: os quadrinhos. Produzidos por
pouco tempo (cerca de três anos), para aproveitar a popularidade da personagem
nos cinemas, essas série foi criada por Bud Couniham, que soube manter o estilo
e o espírito que a personagem tinha dos cinemas. São aventuras engraçadas,
ligeiras e graciosas, contando as peripécias de Betty nos estúdios de cinema,
afinal ela era uma grande atriz! As
histórias em quadrinhos de certa vez eram um exercício de metalinguagem,
retratando a personagem dos desenhos animados como uma grande estrela de
Hollywood, o que era uma constatação do mundo real.
Com vocês, a linda, esguia e imortal
Betty Boop!
Worney Almeida de Souza
Betty Boop no Cinema
Betty Boop apareceu
pela primeira vez nas telas dos cinemas, em 9 de agosto de 1930, no desenho "Dizzy
Dishes", na sexta produção de Fleisher´s Talkartoon séries. Seu
criador foi Grim Natwick, que já trabalhará nos estúdios Walt Disney e na Ub
Iwerk. Natwick usou como inspiração as formas e os gestos da cantora e atriz
Helen Kane. Inicialmente a personagem era um poodle francês. Sua voz foi
interpretada por várias atrizes, até que em 1931, Mae Questal assumiu o
trabalho se mantendo até o fim. Natwick redesenhou a personagem e lhe deu
formas humanas e suas orelhas caninas se transformaram em brincos de argolas.
Apresentada como namorada de Bimbo, ela apareceu em dez desenhos animados como
personagem secundária e foi chamada de Nancy
Lee e Nan McGrew. Seu primeiro
desenho como humana foi “Any Rags”, de 1932.
Foi Dave, o irmão de Max Fleischer que tornou a
personagem mais feminina e sensual. Foi batizada oficialmente de Betty Boop, em
1932, no Talkartoons "Minnie the
Moocher", onde a trilha musical foi criada por Cab Calloway e sua
orquestra. Nesse desenho Betty se perde junto com Bimbo numa caverna mal
assombrada. Uma morsa fantasma, diversos esqueletos e outros fantasmas cantam a
canção "Minnie the Moocher".
Nesse mesmo desenho os pais de Betty pareciam ser judeus ortodoxos, mas em
outros desenhos eles são apresentados bem mais velhos e parecidos com
personagens do velho oeste, como em "Be Human", de 1936. Betty Boop foi estrela principal nos
oito Talkartoons posteriores e o último série, de agosto de 1932, era chamado
de "Stopping the Show".
Depois a série Talkartoon foi substituída pela série animada "Betty Boop".
Betty
Boop foi a primeira personagem dos desenhos animados a ser apresentada como uma
mulher sensual. Ela se divertia com sua sensualidade, com seios volumosos,
usando vestidos curtos e cinta liga, apesar de parecer ingênua, pois os
animadores indicarem que a personagem tinha apenas 16 anos de idade. Seu
bordão, boop-oop-a-doop, emprestado de Helen Kane, se tornou clássico. Sua
sensualidade era reafirmada com suas danças, ao som de jazz. Betty era cantora
de boates ou cabarés, juntamente com Bimbo e os desenhos sempre apresentavam
músicas interpretadas pela bela personagem. As trilhas sonoras dos desenhos
contavam com bandas de Cab Calloway, Louis Armstrong, Rudy Vallee e Don Redman.
Ethel Merman, Irene Bordoni e Reis and Dun, que também apareciam como atores
convidados. Betty foi considerada a “Rainha dos Desenhos Animados”, ainda em 1932.
Mas
a sensualidade de Betty Boop foi censurada pela "Production Code", através do Ato Hays (Hays Act), em 1935, forçando os autores a mostrar a
personagem com saias mais longas e decotes mais comportados e abandonando a
vida boêmia, de cantora de boates, para viver como uma jovem dona de casa,
namorada de Fearless Fed e acompanhada de seu cãozinho, Pudgy Também os motivos
surrealistas dos primeiros desenhos foram abandonados por Max Fleischer. Isso
causou uma queda de popularidade do desenho. O produtor ainda desafiou o Ato
Hays no desenho ‘A Language All My Own”, onde Betty Boop cantava para uma platéia
de japoneses, em inglês e na língua natal dos convidados. Enquanto a letra da
música era inocente para os americanos, a tradução da canção em japonês tinha
frase picante como: “Venha comigo para a cama e vamos fazer boop-oop-a-doop!”. Mas as peripécias de Betty Boop eram só
insinuações, afinal ela nunca se desnudou nas frente da “câmeras”, apesar de
suas formas sempre serem acentuadas por suas roupas coladas no corpo.
Betty Boop apareceu somente em dois filmes
coloridos: "Poor Cinderella"
e em "Crazy Town",
ambos em 1932. Toda sua carreira foi feita nas películas em preto e branco.
Recebeu um Oscar, em 1938, pelo desenho "Riding
the Rails".
Mas as pressões moralistas nunca deixaram Max e
Dave Fleischer e sua atriz principal em
paz. O que culminou com a proibição da série em 1939. Mas Betty Boop não
poderia ser esquecida. Seus desenhos voltaram a ser exibidos nos anos 50, nas
redes de TV U.M. & M. T.V. Corp e na National Telefilm Associates (NTA),
nessa última os desenhos foram colorizados e apresentados como "The Betty Boop Show". Marilyn
Monroe eternizou o “boop-oop-a-doop com interpretar “I Wanna Be Loved By You”
na clássica comédia “Some Like It Hot” (“Quanto Mais Quente Melhor”), ao lado
Tony Kurtis e Jack Lemmon, em 1959. Durante os anos 60 a contracultura
recuperou a imagem da personagem para as novas gerações.
Betty Boop voltaria às telas dos cinemas, em
1974, na copilação de curtas feita pela Ivy Films com o nome "The
Betty Boop Scandals", de pouco sucesso. Em 1980, a NTA fez outra
tentativa com "Hurray for Betty
Boop". Nos anos 80, a King Feature dinamizou a venda de direitos
autorais para merchandising tornando a figura da personagem muito mais
conhecida. Teve uma breve participação num musical de Tv da CBS chamado “The
Romance of Betty Boop”. Em 1988, Betty Boop faz uma participação especial,
juntamente com outros ídolos animados, em “Uma Cilada para Roger Rabbit”
("Who Framed Roger Rabbit").
Em 1993, o diretor de animação Jerry Rees escreveu e iniciou a produção do
desenho de longa metragem "The Betty
Boop Feature Script", para a Metro-Goldwyn-Mayer, mas o projeto foi
cancelado antes do início das gravações.
Um ano depois, um dos desenhos de Betty, "Snow White",
de 1933, foi selecionado para preservação na "U.S. Library of Congress in the National Film Registry".
Betty Boop foi criada por Max e Dave Fleischer.
Mas nasceu na cidade de Viena, Áustria, em 1883. A família imigrou para os EUA
quatro anos depois. Max estudou no New York Evening High School e no The Art
Students League e começou a trabalhar na seção de gravuras do Broorklin Eagle.
Começou a se interessar pelos desenhos e na forma de filmar, quando desenvolveu
a técnica, a rotoscopia, que transpunha o movimento humano para os fotogramas,
possibilitando um movimento diferente do produto final. Foram os dois que
criaram a popular bolinha dançante, em 1924, que pulava sobre as letras das
músicas dos desenhos para estimular o público a cantar as canções dos desenhos.
O primeiro personagem foi o palhaço Koko (para o desenho “Out of the Inkwell”) que
logo se tornou popular e ganharia um parceiro, o cachorro Bimbo.
Max forma, em 1929, junto com seu irmão Dave, os
Estúdios Fleischer de desenhos animados. Betty Boop foi o maior sucesso dos
estúdios, seguidos por outros. Em 1933, Max e Dave adaptaram para as telas as
aventuras do marinheiro Popeye. Em 1937, os estúdios mudam para Miami e começam
a produzir a prestigiosa série do Superman. Também produziram desenhos de longa
metragem como “Senhor Inseto vai para a Cidade” e “As Viagens de Guliver”. Com a aposentadoria de Max, Dave e Joe e
dificuldades financeiras do estúdio a Paramount Pictures comprou os Fleischer
Studios mundando o nome para Famous Studios, em 1942. Após algumas experiências
mal sucedidas, Max se aposenta definitivamente, em 1960 e falece um 12 de
novembro de 1972.
Max e Dave
Fleischer produziram mais de 100 desenhos de Betty Boop, com duração entre seis
e oito minutos cada. Alguns dos
filmes mais significativos são os seguintes: "Betty Boop for President" (1932),
"Bambo Isle" (1932), “Betty’s
Lifeguard” (1934), “Betty Boop’s Bamboo Isle” (1932),
“Betty Boop’s Halloween Party” (1933), “Betty Boop in
Blunderland” (1933), “Stopping the Show” (1932), “Betty Boop´s Crazy
Inventions” (1933), “Betty Boop’s Life Guard” (1934), “My Friend the Monkey”
(1939), “Baby be Good” (1934) e “Betty Boop and Grampy” (1935).
Betty Boop,
uma “Mulher” Sensual!
Quando Betty Boop estreiou, em 1930,
no desenho animado “Dizzy Dishers”, os EUA passavam pelos efeitos da grande
crise econômica iniciada pela quebra da bolsa de valores em 1929. Crise que
deixou milhões de desempregados e pequenos proprietários e investidores
falidos. A recuperação só veria com a política “New Deal” do presidente
Franklin Roosevelt, com grandes investimentos em obras públicas e projetos
estruturais, a partir de 1933.
O cinema teve um grande papel de
animar, confortar, divertir e fazer sonhar os milhões de desempregados e
desesperados no período. Na década de 30, a indústria do cinema passou a ser
dominada por grandes conglomerados como a Metro-Goldwyn-Mayer, Columbia
Pictures e Warner Bros. A grande novidade foi a introdução do som, que muda
completamente o modo de fazer os filmes e a forma de interpretar dos atores. O
musical foi um consequente formato de filmes que tomou o gosto dos
espectadores.
O rádio era o grande meio de
comunicação apresentando grandes artistas e cantores, difundindo o swing, uma
forma dançante do jazz. Era preciso se divertir, sonhar com novas possibilidades
e voltar a consumir.
Já os anos 20 foram os “anos
loucos”, do pós-1° Guerra Mundial, de grandes esperanças, de lucro fácil, de
mais liberdade sexual, do charleston; dança frenética com movimentos para os
lados e os joelhos, que precisava de vestidos mais curtos e leves para dançar.
Os modelos, geralmente de seda, deixavam os braços e as costas à mostra e as
mulheres usavam meias em tons bege, para sugerir pernas nuas. A inspiração de
beleza eram as atrizes do cinema mudo que usavam cabelos curtos, lábios bem marcados
e olhos bem desenhados, como Glória Swanson, Mary Pickford e, principalmente,
Louise Brooks. Além da cantora e dançarina Josephine Baker que escandalizava
com seus modelos ousados e sua forma de dançar.
A figura de Betty Boop foi moldada a
partir da forma de desejo dos anos 20, na mulher liberada que mostrava seu
corpo, com trajes diminutos e se utilizava dele para seduzir, especialmente
dançando. De certa forma, Betty Boop era uma contradição, mantinha a postura
provocante das beldades dos anos 20, mas vivia em anos de angústia e de avanço
do moralismo. Moralismo que custou uma
pressão sobre as roupas, gestos e insinuações da personagem e ocasionaram o
cancelamento de seus desenhos em 1939.
Betty Boop foi a primeira personagem
feminina de um desenho animado a ser censurada, era por demais provocante para
ser exibida para as crianças. Mas se
tornou um ícone cultural. Uma forma ou um ideal de mulher liberada e sensual
que persistiu por todo o século XX e continua cativando as meninas, as mulheres
e, é claro, os homens. A expressão “Beep-Oop-A-Doop!” tornou-se a melhor
personificação de um gemido sensual e Betty Boop um fetiche de comportamento
feminino.
Betty Boop nos Quadrinhos
Aproveitando a popularidade da
personagem, a King Features Syndicate entrou em negociações com Max Fleischer
para levar Betty Boop para as páginas dos jornais. A distribuidora escolheu o
desenhista David Francis “Bud” Couniham para desenvolver as histórias. Nascido
em Saint Louis, Couniham mudou-se para New York, em 1910, e logo começou a
publicar a tira “Little Napolen” no jornal “New York World”. Também era
assistente e arte-finalista de outros desenhistas como Chic Young, nas séries
“Dumb Dora” e “Blondie”. Suas belas figuras femininas foram requisitos para
criar Betty Boop para as tiras. A publicação das tiras começou em 23 de julho
de 1934 e as páginas dominicais em dois de dezembro do mesmo ano.
A Betty Boop de Couniham era uma atriz
consagrada de Hollywood vivendo o dia-a-dia de filmagens, vestidos, maquiagens,
belos carros e muita confusão. No frescor da ensolarada Los Angeles, Betty
sempre estava às voltas com galanteadores milionários, belos astros embonecados
e com um diretor compreensivo, mas sempre preocupado com a rapidez das tomadas.
Durante a série, Betty adotou cinco bebês e vivia às voltas com sua pouca
discreta tia Tillie, que, com sua robusta figura, demolia cenários e
pretendentes da jovem atriz. As piadas eram leves e até inocentes, em
comparação com a performance da personagem nas telas, mas Betty Boop, ou
Senhorita Boop (como ela era frequentemente chamada nas tiras) estava bem
situada nos estúdios da Ultomato Film. Lépida, Betty corria entre sets de
filmagem ou atrás de algum lindo ator, que não resistiam aos seus beijos. Na
verdade, os quadrinhos da senhorita Boop eram uma singela sátira ao mercado
cinematográfico e suas figuras fúteis.
Mas as tiras não sobreviveram ao
sucesso da beldade e foram canceladas em 23 de março de 1935 e as páginas
dominicais em 27 de novembro de 1937. Os
anos 80 trouxeram uma grande nostalgia e uma onda de merchandising com a figura
de Betty Boop. Assim a King Features resolveu reunir dois personagens clássicos
dos quadrinhos numa mesma série: “Betty Boop e Félix” desenhados pelos filhos
de Mort Walker (o criador do Recruta Zero): Brian, Greg, Morgan e Neal.
Iniciadas em 19 de novembro de 1984, nas novas aventuras Betty é uma famosa
modelo e atriz que tem suas aventuras nos mundos da moda e do cinema. O Gato
Félix tinha um papel secundário, tanto que, em 1987, a série passa a se chamar
“Betty Boop e seus Amigos”. A
série só durou até 31 de janeiro de 1988, mas manteve a figura da personagem em
alta com os leitores e fãs.
No Brasil, Betty Boop foi publicada
pela primeira vez na revista “O Tico Tico” entre os anos 1936 e 1937. Depois só
reapareceriam em 1972 (época que a personagem ganharia destaque com a
contracultura) em revista própria pelo Grupo de Editores Associados Ltda (GEA).
Foram quatro números que publicaram quase todo o material existente, em 28 pgs,
capas coloridas e miolos em preto e branco. Em 1973, Betty Boop ganhou algumas
páginas no Gibi Semanal e o Almanaque Nostalgia da Rio Gráfica Editora.
Depois a personagem ganharia uma
graphic novel, em 1992, pela editora Globo, toda colorida, com introdução de
Sergio Augusto. Chamada de “A Grande Chance” com roteiros de Joshua Quagmire,
desenhos de Milton Knight, arte-final de Leslie Cabarga e cores de Michael
McCormick, a aventura apresentava Betty como uma grande atriz cinematográfica
que, em companhia de Bimbo e do palhaço Koko participavam de frenéticas
filmagens pelo mundo todo.
Betty Boop ganharia mais um álbum, em
2003, pela Opera Graphica, como sétimo volume da coleção Opera King, reunindo
as tiras dos anos de 1935 e 1936, com bons estudos de José Sobral e Roberto
Guedes.
Helen Kane, a The Betty Boop Girl!
Betty Boop foi criada por Max
Fleischer para os desenhos animados como namorada do personagem Bimbo. Logo foi
transformada em humana e ficou um pouco parecida com a atriz Clara Bow e,
principalmente, com Helen Kane. Na verdade, Betty Boop virou uma caricatura da
atriz, que na época era muito popular. Mas logo a criatura ultrapassou o
criador! Betty Boop se transformou uma super star e alavancou uma série de
produtos e transformou-se em moda. Enquanto que Helen Kane perdeu o espaço no
show business e no gosto dos fãs.
Helen Kane, nasceu Helen Schroeder, em
04 de agosto de 1903, no bairro do Bronx, em New York. Filha de um trabalhador
alemão e de um lavadeira irlandesa, Helen tinha um irmão chamado Louis. Aos 15
anos de idade, Helen começou a se apresentar como dançarina e cantora de
vaudeville e em boates. Alguns anos depois se casou com o vendedor de loja de
departamentos Joseph Kane, de quem tirou seu sobrenome artístico. Em 1928, já
estava divorciada e se apresenta no Teatro Paramount, no Times Square, sendo
reconhecida como grande estrela. Protagonizou o show “Good Boy”,
cantando o sucesso “I Wannna Be Loved By You”. A
notoriedade foi tão rápida que Helen comentava: “Em um dia eu tinha ciquenta
centavos... e no dia seguinte eu tinha 50.000 dólares!”
Helen era pequena, um pouco rechonchuda, com rosto
redondo, grandes olhos castanhos, cabelos pretos encaracolados e uma voz um
pouco infantil com um sotaque caracteristico de seu bairro. Esse conjunto
corporal e o jeito sensual de cantar (inspirado na cantora negra Baby Esther),
tornou Helen Kane uma persona muito popular. Ela se inspirava nas “melindrosas”
do charleston da década de 20 (tanto nos gestos e no vestuário), carregando
toda a carga de provocação sexual imaginada. Na interpretação das canções,
Helen também improvisava e entre os refrões usava a expressão
“boop-oop-a-doop”, para provocar seus espectadores. Esse interlúdio virou sua
marca registrada.
No auge de sua popularidade, Helen Kane ocasionou uma
verdadeira febre com garotas usando cabelos, maquiagens e vestidos iguais a
atriz, com rádios promovendo concursos de sósias. Entre 1928 e 1930, a cantora
lançou 22 gravações em disco pela gravadora Victor, uma delas foi “I Wanna Be
Bad”. Também eram vendidas bonecas inspiradas em Helen e outros produtos. A
moda era tão forte que segundo a própria atriz: “Em 1929, você não poderia
atirar um tijolo sem atingir Helen Kane!!”
A popularidade logo chamou a atenção dos estúdios
cinematográficos e, em 1929, a cantora assinou com a Paramount um contrato para
três filmes. Todos rodados no mesmo ano. O primeiro foi “Nothing But the
Truth”, uma comédia estreada por Richard Dix, sobre um homem que devia passar
24 horas sem mentir. Helen fez um papel pequeno, mas interpretou a canção “Do
Something” e fez uma boa impressão. O próximo filme foi “Sweetie”, um musical
estrelado por Nancy Carroll e Stanley Smith. Helen Kane fazia o par cômico com
Jack Oakie, cantando vários números. No terceiro filme, “Pointed Heels”, Helen Kane faz novamente os
números humoristicos como parceira de Skeets Gallagher, enquanto que a trama se
desenrolava com o trio romântico William Powell, Phillipe Holmes e Fay
Wray.
Em 1930, Helen volta aos sets
de filmagens com mais três filmes. “Paramount on Parade” foi um musical em que
a cantora interpretou num número uma professora que instruía seus alunos na
onda do Boop-a-doop! Em “Dangerous Nan MacGrew”, Helen vive sua primeira
protagonista como a personagem Annie Oakley. Já em “Heads Up!”, ela
co-estrelava com Charles “Buddy” Rogers uma comédia com números musicais.
Mas apesar do bom desempenho
em “Heads Up!”, a Paramount sentiu que a moda boop-a-doop com atriz havia
passado, e não renovou o contrato. Helen retomou a carreira nos palcos e no
rádio, mas sua “sósia” animada tomava o espaço na mídia e no interesse dos
fãs. Em 1932, Helen casou-se com o ator Max Hoffman Júnior,
enlace que só durou um ano.
Em maio de 1932 entrou com uma
ação de 250 mil dólares contra Max Fleischer e seu estúdio e a Publix Paramount
Corporation, considerando a concorrência deslegal e a apropriação indevida de
sua caracterização pela personagem Betty Boop. O julgamento se arrastou por
dois anos. O juiz McGoldrick analisou os desenhos, o depoimento da atriz e a
declaração da dubladora Questel Mae (que curiosamente havia ganho de um
concurso de sósias de Helen Kane, aos 17 anos de idade!) que afirmava que a
forma de interpretar a personagem era inspirada em sua filha Esther e numa
canção francesa, de 1914, chamada “Bou-Bou-Bab-Ba-Bou”. O juiz considerou que Helen
Kane não conseguira provar que Betty Boop se apropriava de seu estilo de cantar
e encerrou o processo.
Em julho de 1933, Helen
estreia o show “Shady Lady” e continuou se apresentando nas rádios, boates e no
teatro vaudeville. No ano seguinte, a cantora fez uma dieta e deixou os cabelos
crescerem perdendo sua figura característica.
Em 1935, Helen Kane abandona o
show business para se dedicar aos investimentos imobiliários. Anos depois, ela
declararia: “Eu estava cansada, desgastada e parei”. Casou-se, em 1939, com o
mestre de cerimônias da Broadway, Dan Healy, 16 anos mais velho. Eles
investiram na abertura de uma boate, na Rua 52, que durou apenas um ano. Na
década de 40, Helen não apareceu em público, enquanto que Healy continuou a
investir em casas de espetáculos e em restaurantes. Helen Kane voltaria as telas
do cinema, em 1950, no filme “Three
Little Words”, onde Debbie Reynolds personificava
a veterana cantora e interpretava a canção “I Wanna Be Loved By You”. Helen
dublou a atriz e até gravou um disco com a música.
No final dos anos 50, Helen
Kane travou uma dura batalha contra o câncer de mama. Em março de 1965, fez sua
última aparição pública no ‘The Ed Sullivan Show”. Faleceu em 26 de setembro de
1966, aos 63 anos de idade.
Título: Culturação n° 01
Conteúdo: Cultura
Editor: Carlos Eduardo Scaranci
Páginas: 10 pgs.
Tamanho: 18 x 23,5 cm .
Tiragem: 500 exemplares
Período: Março de 1983
Atividade: Redação
Para ler o texto abaixo, clique, com o botão esquerdo do mouse, em cima da imagem.
Título: Culturação n° 02
Conteúdo: Cultura
Editor: Carlos Eduardo Scaranci
Páginas: 20 pgs.
Tamanho: 15,5 x 21 cm .
Tiragem: 500 exemplares
Período: Abril de 1983
Atividade: Redação
Para ler o texto abaixo, clique, com o botão esquerdo do mouse, em cima da imagem.
Título: Culturação n° 03
Conteúdo: Cultura
Editor: Carlos Eduardo Scaranci
Páginas: 20 pgs.
Tamanho: 16,5 x 21,5 cm .
Tiragem: 500 exemplares
Período: Maio e junho de 1983
Atividade: Redação
Para ler o texto abaixo, clique, com o botão esquerdo do mouse, em cima da imagem.
Título: Alicerce da Juventude
Conteúdo: Quadrinhos
Editora: ACS Editora
Páginas: 16 pgs.
Tamanho: 18,5 x 27,5 cm .
Tiragem: 3.000 exemplares
Período: Outubro de 1982
Atividade: Redação
Observação: Primeiro texto publicado sobre quadrinhos
Observação: Primeiro texto publicado sobre quadrinhos
Para ler o texto abaixo, clique, com o botão esquerdo do mouse, em cima da imagem.
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